domingo, 17 de novembro de 2013

Sabedoria e união- dia 24

Um certo dia, em um lugar onde nem o tempo nem o espaço seguem a nossa costumeira ordem natural das coisas, um sábio e velho druida dos tempos de outrora resolveu descansar embaixo de um pé de carvalho que ficava bem no meio de uma clareira que fazia divisa com diversos caminhos. E lá ele descansou, até que um jovem bardo, vindo de um dos caminhos que se abriam em frente, ao vê-lo descansar, depositou sua harpa em seus pés e sob seus joelhos, pediu humildemente conselhos e ensinamentos. O druida gentilmente respondeu:

Cara criança que vaga a contar histórias
Aguardai sob as sombras deste carvalho
Receberás ensinamentos e outras maravilhas
Tão puras quanto as gotas do orvalho

Verás o tempo passar ao teu lado
Como um viajante que não se demora
Preste atenção a cada detalhe revelado
Pois será a maior história de antes, depois ou de agora

Humildemente, o bardo, agradecido pela honra, sentou-se à sombra do carvalho, próximo ao druida, esperando que ele começasse a lhe ensinar os segredos e mistérios que ele a muito buscava...mas nada o druida falava, somente olhava para a estrada à frente, a esperar não-se-sabe-o-quê. O bardo sabia que, se lhe fora mandado esperar, algo iria ocorrer, mas a impaciência da juventude estava a lhe coçar as entranhas, até que, do nada, apareceu um grupo de druidas...diferentes, é verdade, pois não se pareciam em nada com os druidas das Gálias, ou da Bretanha, ou sequer da Escócia ou da Irlanda...estes que lá no horizonte apontavam andavam vestidos de forma um pouco diferente dos antigos, alguns usando barbas estranhas, panos e faixas na cabeça...mas ainda assim, eram druidas. O grupo se aproximou de onde estavam, já inquirindo aos dois, informações de quem eram. O druida respondeu:

Sou de cada árvore da floresta
Sua escrita de sabedoria
Sou do raio de Sol que toca os rostos
Aquilo que aquece com seu calor
Sou de cada gota de água do mundo
O conhecimento de uma vida em um segundo
Sou do vento que sopra
O sussurro que a alma toca
Sou apenas o que sou
Apenas mais um no meio da floresta

Os druidas que ali estavam, alguns se admiravam, outros ignoravam por completo as palavras do velho sábio, e alguns ainda, no auge de sua soberba, proclamaram:

"Pois bem, nós somos druidas!Das três grandes linhagens dos três grandes Arquidruidas de nossa história: John Toland, Henry Hurley e Iolo Morganwg! Se não és de nenhuma linhagem dessas, não sois um druida verdadeiro..."

Mas antes de concluir o pensamento, o velho druida lhe respondeu:

Pois te digo que a nenhuma linhagem dessas eu pertenço e nem pertencerei, pois eu sou o ramo do carvalho que brota e dá frutos, sou o visco que nasce nas copas das árvores, e somente a linhagem da floresta deveria valer para designar um verdadeiro druida ou não!

Os druidas que antes proclamavam suas linhagens saíram sem se despedir, indo em direção de uma das estradas que partiam daquela clareira..do grupo que com eles estava, uma parte resolveu segui-los,mas outra resolveu se sentar à sombra do carvalho e pedir conselhos e ensinamentos do velho druida, que se limitou a repetir o que havia dito antes para o jovem bardo:

Caras crianças que vagam a contar histórias
Aguardem sob as sombras deste carvalho
Receberão ensinamentos e outras maravilhas
Tão puras quanto as gotas do orvalho

Verão o tempo passar ao teu lado
Como um viajante que não se demora
Prestem atenção a cada detalhe revelado
Pois será a maior história de antes, depois ou de agora

Mas desta vez, não aguardaram tanto tempo quanto o jovem bardo teve de esperar, para que outra visita deles começasse a se aproximar. Era outro grupo de druidas, notou o jovem bardo, mas desta vez, totalmente diferente dos que antes com eles estiveram ou que ainda estavam ali. Este também não se vestia como os antigos, e apesar de parecer um pouco com  o outro grupo, este por sua vez vinha em uma variedade de cores e trajes ao qual não havia visto antes...não daquela forma! E não vinham em silêncio, diga-se, pois traziam consigo instrumentos musicais que o próprio bardo nunca havia visto, e vinham tocando e cantando, alegres como o Sol da primavera e festivos como o primeiro de maio. Chegaram da mesma forma do grupo de outrora, questionando:

"Quem vocês são, e por que estão a se envolver com esta gente que até fraude comete contra a tradição druídica?!"

Os que eram do grupo que anteriormente haviam passado por ali se revoltaram, quiseram começar uma briga, mas antes de que algo ocorresse e fossem às vias de fato, o sábio druida bateu seu cajado no tronco do carvalho, e com isto chamou a atenção de todos para si. Então ele disse:

Sou apenas a vida que flui no bosque sagrado
Sou a sabedoria do salmão subindo o rio à nado
Sou a força do javali que é invencível na floresta
Sou a visão do voo da águia, que no céu plaina com graça
Sou a velocidade e a destreza do gamo
Que dos outros animais corre ao lado
Sim, sou mais um no bosque sagrado!

E antes que apontem os dedos 

Uns para os outros
Saibam que a única ciosa a lhe diferenciar
É simplesmente a maneira de se trajar


Ambos os grupos ficaram sem graça, e do primeiro grupo, todos se sentaram novamente, do segundo grupo, alguns saíram revoltados com a reprimenda, e se dirigiram por uma das estradas que daquela clareira partia, outros, envergonhados, rumaram em outra direção, e uma terceira parte ali resolveu ficar, pois reconheceram no velho druida a sabedoria dos antigos, e eles lhe pediram para ensinar-lhes, o que o druida novamente repetiu:

Caras crianças que vagam a contar histórias
Aguardem sob as sombras deste carvalho
Receberão ensinamentos e outras maravilhas
Tão puras quanto as gotas do orvalho

Verão o tempo passar ao teu lado
Como um viajante que não se demora
Prestem atenção a cada detalhe revelado
Pois será a maior história de antes, depois ou de agora

Mas desta vez, mal conseguiram esperar a poeira dos que foram embora abaixar...novamente veio um outro grupo, totalmente diferente dos demais...vestidos alguns como gauleses, outros como escoceses, outros com trajes nunca visto antes por aquele bardo...calçados de tecido, sandálias multicoloridas...Alguns carregando livros em suas bolsas de viagem, livros estes de grande volume, outros, finos tomos, e todos ali, no meio da floresta, tão alegres e festivos quanto o grupo anterior,apesar de alguns poucos estarem de fisionomia fechada. Ao verem o velho druida e seu grupo aos pés do carvalho, não tardaram de se aproximarem e se apresentarem. Alguns, com a polidez e a educação que se pede, mas alguns poucos, com uma arrogância impar, questionaram o que aquele "monte de abraçadores de árvores" estava fazendo ali. Antes que qualquer um dos grupos presentes pudesse se manifestar, o velho druida , gargalhando, disse:

Quem são aqueles que de tão bom humor
Descrevem nossos atos e pela floresta, o amor?

Estes, por sua vez, responderam, alguns ainda na soberba, alguns perplexos, alguns interessados, mas todos responderam:

"Somos Reconstrutivistas, e temos com o objetivo reconstruir a fé dos celtas, tal qual era antigamente, adaptado para os dias de hoje."

Nisto, o velho druida, curioso como um gato ao encontrar uma caixa, ou uma criança ao ver um embrulho bonito, perguntou como eles fariam isto, pois ele queria saber se poderia ajudar. Alguns se mostraram interessados na proposta, outros entusiasmados, mas uns poucos, aqueles mesmos que agiram com a soberba anteriormente, retiraram livros e mais livros das bolsas e sacolas, e disseram:

"Estes são o conhecimento de que precisamos, meu senhor. Quais as tuas fontes?!"

O sábio druida então respondeu:

Sou aquele que bebeu da fonte 
Que brota do alto do monte
Transforma-se em rio,e no horizonte
Depois de por toda terra passar
E os campos irrigar
É no mar que vou desaguar
Sou aquele que os pássaros escuta
E as árvores abraça
E não importa se na alegria ou na desgraça
Da natureza estou a aprender
Pois dela brota a fonte de todo poder
E assim, aprender a ensinar, e ensinar a aprender.


E estes que com arrogância agiram, com arrogância se foram, sem nada entender daquilo que aquele senhor lhes disse. Mas o restante do grupo, estes resolveram ficar, sentaram ao redor do carvalho, e pediram conselhos ao sábio druida. este por sua vez, repetiu aquilo que havia dito antes:

Caras crianças que vagam a contar histórias
Aguardem sob as sombras deste carvalho
Receberão ensinamentos e outras maravilhas
Tão puras quanto as gotas do orvalho

Verão o tempo passar ao teu lado
Como um viajante que não se demora
Prestem atenção a cada detalhe revelado
Pois será a maior história de antes, depois ou de agora

Pois bem, quando os três grupos estavam acomodados na grande sombra daquele carvalho, interagindo uns com os outros, não mais olhando para seu colega ao,lado com desprezo ou arrogância, mas com curiosidade de saber o por quê ali estavam, e descobriram que todos estavam ali pelos mesmos motivos, foi que o sábio druida finalmente olhou para o bardo, indicando que a hora havia chegado, e começou a falar:

Sou a sabedoria dos antigos
Sou daqueles que foram perseguidos
Muitos nos julgavam desaparecidos
E pela floresta, passamos desapercebidos

Sou aquele cuja raiz se estendeu
Pelo solo do bosque, e no outro mundo se perdeu 
E aqui estou, a vocês todos a ensinar
A única e verdadeira sabedoria milenar

Cada um de vocês trazem consigo
Um fragmento da sabedoria do povo antigo
Olhem nos olhos de seu amigo
E compartilhem com ele o conhecimento adquirido

Cada um de vocês é uma árvore na floresta
E algum dia, os bardos cantarão esta gesta
Que sem nenhuma falsa modéstia
Foram vocês que abriram esta réstia

Mas cabe a vocês manter o que aqui se construiu
Olhar o outro como ainda não se viu
Como alguém a quem se tem a ensinar
Como alguém de quem se tem muito a aprender

Sejam sábios, como meu povo não foi outrora
E por conta da falta de união, ruíram sob a luz da aurora
Unam-se em uma só floresta sem demora
Vejam as semelhanças na diferença agora


Vocês são os herdeiros do carvalho
Detém a sabedoria e a força de um mundo, já no passado
Mas se não se respeitarem,o bosque será derrubado
e mais uma vez, no mundo serás um ultrapassado.

A floresta não pede que sejam iguais
Mas que aprendam uns com os outros
Pois cada um tem a ensinar demais
e este segredo, sinceramente é para poucos

Neste momento, o sábio começou a andar entre aquele grupo, e quando saiu da sombra daquele carvalho que lhe acolheu por todo aquele tempo, ele mesmo em um outro carvalho se transformou. E cada uma das pessoas, de cada um dos grupos que ali estavam a se reunir com aquele sábio, elas mesmas em árvores também se transformaram...Faias, azevinhos, freixos, olmos, bétulas, pinheiros, macieiras, e tantas outras árvores diferentes, que naquela outrora clareira se transformou em uma majestosa floresta, mostrando aos que viriam depois, que mesmo diferentes,todos faziam parte de um mesmo bosque, um mesmo ideal. O único que uma árvore não se tornou foi o jovem bardo, que ficou com a missão de cantar aos quatro cantos toda a sabedoria que ele esteve a presenciar.



Humor - dia 23

Existe um ditado que diz claramente "não confie em um Deus que não sorri". Este deveria ser o lema da maioria das pessoas, mas pelo que vejo, devido a mentalidade cristianizada incutida na mente delas, são poucas as que dão valor a uma boa risada. O pior é isto contaminar justamente o paganismo de linhagem europeia - alguns praticantes do paganismo celta inclusos aqui.

Qualquer piada é motivo para gerar uma guerra....qualquer chacota é motivo para ofensas e ameaças...qualquer gracejo é motivo para dizerem que se está "ofendendo aos Deuses"... A pergunta que fica é: e daí!? Será mesmo que os Deuses se ofendem com uma piada, ou se ofendem mais com a estupidez humana, que prefere agredir o outro por conta do humor, ao invés de rir junto com ele!? Será mesmo que uma piada agride mais do que a indiferença, os maus tratos, as agressões verbais que os radicais preferem proferir para quem tem senso de humor?! Será mesmo que a fé pagã está tão contaminada pelo fanatismo "cristianizado" que inibe o humor, com a desculpa de que ele ofende os deuses!?

Sim, contaminada pelo fanatismo cristianizado...pois eu não vejo na cultura pagã antes do advento do cristianismo tamanha falta de humor, tamanho preconceito com o riso, tamanha ostentação a rabugice, como eu vejo nos dias atuais. É um pensamento tão arreigado, que lembra-nos a história do abade que comete assassinatos no mosteiro em "O Nome da Rosa", com medo de que a descoberta de um texto de Aristóteles subvertesse a ordem das coisas ao incentivar o riso.Devemos temer este radicalismo e a falta de humor em nosso meio, pois só tende a desestabilizar tudo aquilo que lutamos. Somos pagãos, frutos de um culto voltado para os ciclos da terra, e não ter um pouco de humor só tende a mostrar que ainda estamos vivendo contaminados com pensamentos que não são oriundos de nosso meio.

Claro, não devemos confundir o humor com a falta de compromisso e o descaso, pois isto sim, foge dos preceitos do paganismo em geral, e do druidismo em particular. No mais, vivamos a vida, sejamos felizes, façamos piada dos outros e principalmente de nós mesmos, pois a vida é muito dura para que tenhamos de levá-a sempre a sério.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O Kroui - dia 22

Esperamos dos céus aquilo que devemos conquistar no fio da espada. è assim que deveríamos encarar o destino, mas é assim que fugimos dele. É assim que sinto quando as pessoas culpam o destino pelos seus infortúnios ou pelo seu comportamento perante as situações da vida. Existe sim, um destino inevitável, o kroui céltico, o WYRD rúnico...mas muito desse destino é escrito com base nas nossas próprias decisões e escolhas. Nada acontece em nossas vidas pelo fato de estarmos sendo castigados ou premiados, e sim, pelo simples fato de colhermos o que plantamos.Talvez este pensamento seja fruto do pensamento renascentista da "fortuna", ou do pensamento medieval do anátema, do castigo divino. Só que poucos percebem a verdade neste destino.

Ao contrário do que alguns pensam, cada ato que fazemos desencadeia sim um acontecimento no futuro - o chamado efeito borboleta. Então, somos sim responsáveis pelos nossos atos, e pelas consequências deles. Afirmar que algo ocorre por castigo ou punição  - como algumas escolas iniciáticas colocam a visão do carma - chega a ser infantil. Sim, pois se algo acontece de foma contrária ao que estávamos esperando, é simplesmente pelo fato de termos feito uma escolha equivocada para aquela situação, ou a reação do mundo para aquela resposta ainda não ter sido favorável da maneira como havíamos pensado que iria ocorrer. A vida não nos torna estúpidos, ou os Deuses só nos mandam pessoas de má-índole, que é absoluta certeza de que irão nos trair...Somos nós que nos comportamos com estupidez diante dos fatos que a vida nos apresenta diariamente, e somos nós que ou fazemos as escolhas erradas, ou não sabemos lidar com os assuntos afetivos da maneira adequada. As respostas que o kroui nos dá como inevitáveis, são fruto de nossas escolhas, ou para aprendermos algo, ou para ensinarmos algo...

Inexiste no pensamento céltico o "carma punitivo", pois não há pecado no meio céltico. O que há é a questão do eterno aprendizado...aprender com as coisas da vida. Se sempre estamos sofrendo pelas mesmas coisas, é porque ainda não aprendemos a resposta correta para aquela "questão". Uma mudança de postura sempre gera uma mudança de respostas... Devemos quebrar os paradigmas para evoluir e aprender sempre. Temos de parar de culpar os Deuses pelos nossos atos, e começar a encara-los de frente. Temos de combater a nós mesmos, nossas fraquezas  medos e rancores, e não esperar que a colheita seja farta, sem ter plantado nenhum grão sequer. Temos de ser responsáveis por nós mesmos e nossas escolhas, e aprender a cada momento com elas. Só assim evoluiremos em direção a Gwenwed e em união ao Incriado em face ao mundo.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O Clã - dia 21

Esta talvez seja a mais demorada postagem da história dos 30 dias druídicos, pois o que era para ter ocorrido em fevereiro de 2012, só saiu agora, em agosto de 2013. Problemas pessoais que a cada dia, me faziam adiar esta postagem, e que na verdade, só serviram para amadurecer o pensamento que tinha acerca do assunto. Hoje, finalmente, resolvi tomar coragem e redigir sobre este tema.

Nos 30 dias druídicos, este assunto se enquadra no tema "família", mas achei por bem ampliar um pouco e colocar  "o clã". Nem todos tem uma afinidade boa com seus consanguíneos, e por isto mesmo falar em família nestes casos seria como impor um conceito, e não é este o objetivo. Mas quando se fala em clã, as coisas mudam ligeiramente de forma, pois nos tempos modernos, nós escolhemos nossas relações pessoais...nós escolhemos nosso clã.

E antes que venham as perguntas e críticas, vamos colocar a questão como se deve: Em nossa família consanguínea, praticamente não escolhemos quem serão nossos pais, nossos avós, primos e irmãos. Alguns podem alegar com bases religiosas que sim, mas como comprovar de fato isto?! Se não conseguimos escolher, somos obrigados a conviver, da melhor maneira possível, com estas pessoas que a linhagem sanguínea nos colocou como parentes. E aí vem os problemas, pois nós como indivíduos temos nossas peculiaridades que nos tornam únicos. Alguns escolhem a doutrina religiosa, outros a doutrina política, alguns definem sua sexualidade, outros, sua maneira de se vestir...e isto em algumas famílias não é bem visto pelos demais, e é onde geram-se as brigas, as discussões, as revoltas familiares. Isto ocorre por haver um conflito de interesses individuais, e não haver um respeito as idiossincrasias alheias. Então, nestes casos, o chamado "amor familiar" nada mais é do que um engodo social, um placebo ao qual tomamos nos iludindo que estamos em uma relação social verdadeira.

Mas em muitos casos, acontece algo diferente, e que foge muitas vezes do núcleo familiar em si. Quantas vezes não encontramos pessoas em nossa existência, cuja amizade é tão forte, que extrapolam os laços de amigos e se tornam laços de irmãos, muitas vezes até, mais fortes do que os laços de sangue em si? Quantas vezes entramos em grupos e associações, sejam religiosas ou não, cujo companheirismo entre os pares é tão forte, que chega a se equiparar com aquilo que se espera de uma família ideal?Quantas vezes estamos nestes grupos, e os problemas de um membro acabam por mobilizar a todos os que ali estão?Acredito que muitas vezes isto ocorre em nossas vidas, pois é desta forma inclusive que encontramos nossos pares amorosos, para "tentar" constituir laços familiares ainda mais fortes - algumas vezes conseguindo, outras não. E é isto que se chama de "grupos sociais", "tribos", e eu, chamo de clã.

E o meu clã, hoje, posso dizer que é pequeno em número de pessoas? Sim...nem todos meus amigos são meus irmãos, mas aqueles a quem chamo de irmãos, o são de fato e de direito. Mas é algo que possa aumentar?É claro que sim, pois mesmo este meu "pequeno núcleo clanico" está envolvido, direta ou indiretamente, em um clã maior, em uma irmandade maior, cujo laço não se dá apenas pelas relações de afeto e carinho mutuas, mas também pelo trabalho em conjunto na Grande Obra. Por isto, para mim, o clã chega a ser mais valioso do que a família de sangue, pois a primeira, tem os laços dedicados na alma...

Muitos entram em nossas vidas...muitos saem delas...alguns deixam feridas...outros deixam curativos...mas todos sempre nos deixam uma valiosa lição, de que somos seres sociais, e dependemos uns dos outros, de uma forma ou de outra, mas só cabe a gente decidir como isto é feito