domingo, 5 de fevereiro de 2012

História - dia 16

"Sou um senhor de uma certa idade... Tão antigo, que nem sei ao certo qual seria minha idade verdadeira. Alguns dizem que surgi na Hiperbórea, outros, Atlântida, alguns falam em 6000 ou 10000 anos... Somente sei que a aproximadamente 4700 anos, recebi o nome pelo qual sou conhecido até os dias de hoje! Tudo começou quando RAM (ou RAMA, ou Gwydyon, conforme a fonte que lhe conta este fato... prefiro Gwydyon) vendo seu povo desfalecer de uma Peste que assolou o Vale do Danúbio, sem que as Sacerdotisas conseguissem arrumar outra solução para isto a não ser os sacrifícios humanos, e vendo que nem isto solucionava o problema, sentado aos pés de um frondoso Carvalho, teve a Visão que mudaria a História de seu povo... Recebeu dos Antigos, através do AWEN Divino, o ensinamento de uma poção feita com o Visco do Carvalho, que serviria de remédio para seu povo... Ele assim o fez, colhendo o Visco e preparando-o conforme as orientações que lhe ensinaram, e distribuiu ao povo no dia do Solstício de Inverno. A partir deste dia, todos aqueles que se dispuseram a perpetuar o conhecimento e a sabedoria obtidos naquela Visão aos pés do Carvalho Sagrado, foram chamados como sou conhecido hoje... De Druidas, ou os Sábios do Carvalho!

E de lá para cá, muita coisa aconteceu... As sacerdotisas, perdendo espaço, guerrearam com os partidários de Gwydyon, provocando primeiro uma expansão do povo para outras terras, indo até onde hoje encontra-se a Índia, e depois, o afastamento das sacerdotisas mais radicais para a Ilha de Sene, e as mais moderadas, se juntando ao novo corpo sacerdotal recém formado. Foi um período de grande florescimento e amadurecimento do conhecimento desses sacerdotes e sacerdotisas... A Natureza, sempre um livro aberto para que estivesse disposta a lê-la, foi graciosamente  folheada, e sua sabedoria compartilhada com estes que receberam o meu nome. E assim foi até que o aparato romano comandado por Julius Caesar, com seu ímpeto de conquista e controle, resolveram invadir as localidades onde os povos celtas habitavam, primeiro as Gálias, depois a Bretanha Menor e as ilhas britânicas, até que as tropas romanas invadiram a ilha de Iona, massacrando sacerdotisas e druidas que lá habitavam, acabando oficialmente com aqueles que perpetuavam meu nome... Digo oficialmente, pois muitos conseguiram se esconder, ou fugir para o norte, para as Highlands escocesas, ou para a Irlanda, e lá puderam continuar com os ensinamentos do Sagrado Carvalho, já que, nestes locais, os romanos dificilmente conseguiram entrar.

Mesmo escondidos, ou refugiados, os que receberam meu nome continuaram a compartilhar o conhecimento e a sabedoria do Carvalho com os demais, até que outro fator, também oriundo de Roma, mudou drasticamente nossas vidas.. Uma nova religião se apoderou do Império Romano, e tratou de aniquilar com toda  forma religiosa divergente da deles. E esta doutrina, nem a Muralha de Adriano, que protegeu a todos por séculos, foi capaz de impedir seu progresso. A imposição de uma nova doutrina religiosa ao povo, usando da força em muitos casos, ou da mentira em outros, pois chamaram nossos Deuses de demônios para fazer com que todos se convertessem, fez com que os remanescentes que ajudaram a perpetuar meu nome tomassem algumas atitudes... Alguns adentraram aos monastérios recém construídos onde outrora cultuavam os antigos Deuses, aceitando seus costumes, para que, na calada da noite, no silêncio de suas celas, pudessem continuar com suas práticas e seus ensinamentos... As Ordens Monásticas da nova religião que aceitaram os nossos se beneficiaram disto, pois seu conhecimento era inigualável, é só olhar os Beneditinos, a Ordem de Cister, que depois, através deste ensinamento que conseguiu ser preservado, fez surgir a Ordem dos Templários, e verão que não é mentira o que é relatado! Já outros que não aceitaram se submeter aos ditames da nova religião, coube a eles ou se agruparem nas confrarias bárdicas que começaram a se formar a partir do século IX, viajando errantes de taverna em taverna, propagandeando os ensinamentos de forma velada em canções sobre heróis e cavaleiros, ou se refugiaram em viras isoladas do restante da "civilização", mesmo sabendo que, um dia, a nova religião também chegaria ali!

E assim foi, que meu nome se perpetuou, hora oculto nos monastérios, hora velado nas canções dos bardos, hora escondido em aldeias que ninguém prestava a atenção, na Irlanda, na Ilha de Man, e entre os Celtiberos da Espanha. Meus costumes acabaram, de uma forma ou de outra, sendo assimilados por esta nova religião, minhas festas, idem! E assim foi até final do século XVII, quando igual a Fênix, que ressurge das cinzas, começou-se a falar abertamente sobre mim novamente... Livros como o Barddas de Iolo Morganwg e Ossian de MacPherson fazem com que as pessoas sintam a necessidade de retomar este meu conhecimento que acabou se tornando oculto. Ordens e Confrarias surgem para retomar o meu nome, perpetuar meu conhecimento... Grandes nomes passaram por estas confrarias, ou ao menos assistiram a um de seus rituais. Chefes de Estado e Rainhas... Lá estavam prestigiando, como ocorria outrora! Só que estas Confrarias estavam ainda com os resquícios da assimilação do conhecimento que ocorreu nos monastérios da nova religião... E muitos, sentindo a Força Inspiradora do AWEN Divino, resolveram "purificar" o conhecimento, tentando retirar dele tudo aquilo que era influência da nova religião... O que em alguns casos simplesmente matou o conhecimento, tanto antigo quanto novo, pois já não se sabia o que era de um ou de outro.

E hoje, cá estou, a contar esta história sobre mim, de onde surgi, e onde estou... Espalhei-me como sementes de flores ao vento, adaptei-me ao solo de cada lugar... São inúmeros Carvalhos Sagrados a levar o meu nome, a Verdade em Face ao Mundo, de maneiras diferentes, de formas diferentes... Mas todas, em sua essência, são uma coisa só! Todas estão em mim! Todas são druidismo! Eu sou o Druidismo, e esta é um pouco da minha história!"

AWEN

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