No dia anterior, coloquei que os celtas colocavam a natureza como algo sagrado... Isto é um fato incontestável. Mas não era somente a Natureza que era sagrada, pois haviam (e há) os famosos "círculos de pedra" e construções megalíticas (que ao contrário do que muitos pensam e propagandeiam, não é exclusividade das ilhas britânicas, pois em todo mundo celta, da irlanda até o vale do Danúbio, e entre os Celtiberos, também haviam construções desse tipo). Mas tratar disto é "chover no molhado"... Qualquer texto de qualquer site que trate sobre os druidas ou sobre os celtas fala sobre. Prefiro me ater em uma outra coisa, que muitos ignoram sobre este assunto...a existência da profanação no mundo celta.
Sim, meus caros... A pesar de entre os celtas quase tudo ter uma relação direta com o sagrado, havia sim o chamado "ato de profanação". As florestas eram sagradas...mas algumas partes eram mais do que outras, o que tornava qualquer corte de qualquer árvore naquela área ( e os celtas derrubavam árvores, pois as suas fortificações e construções era basicamente de madeira!) uma violação punível com a mais alta pena entre os celtas. Certas plantas somente poderiam se colhidas pelos druidas, e em ocasiões especiais, como na Modra Nech, onde os druidas colhiam o Viscum Album, mas se alguém tentasse imitar os druidas, teria sua punição... O simples fato de se comer carne de um animal que faz parte de seu totem ou da tribo já era considerado desrespeitoso... Os instrumentos considerados sagrados e ritualísticos, somente os druidas poderiam carregar, pois caso outros o fizessem, aquele objeto perderia seu sentido de sagrado.
Dizer que entre os celtas não há o sentido de profanação, é desconhecer os pormenores da ritualística dos druidas. Por isto, me assustei quando, dias atrás, em um outro blog, o autor disse que "qualquer um poderia limpar seu altar, que o pensamento de não deixar fazê-lo era um erro"... Bem, se aquele espaço onde está o altar, o seu espaço sagrado, pode ser "perturbado" por qualquer um com a desculpa de que é para limpá-lo, então não é um espaço sagrado! Um local para se tornar sacro, deve ter, antes de tudo, uma postura de reverência, de respeito por parte de quem o utiliza! Se algo é sagrado para mim, eu o protegerei de que seja violado, e em virtude disto, eu serei responsável pela sua manutenção... Se eu deixo esta função para terceiros, que nem conhecem ou sabem do que se trata aquilo que está naquele espaço, então como posso dizer que é um espaço sagrado, se eu mesmo não o respeito como tal!? Comparando com outras religiões, é como se qualquer um entrasse em uma Igreja do Catolicismo, abrisse o Sacrário, retirasse as hóstias que lá estão, sem nem ao menos ter a autorização hierárquica para isto!
Qualquer local naturalmente preservado é um local sagrado... mas se eu entro ali com uma postura que não seja a de respeito ao local, ele em meu coração deixou de ser sagrado, pois profanei o local com a minha atitude. Por isto, um conselho para quem está trilhando a jornada druídica... Se iniciá-la, deve cumprir com suas obrigações... Deve respeitar não só os locais naturais, sempre pedindo a permissão para estar ali, como deve respeitar seu local sagrado particular, cuidando de sua manutenção, preservando-o... Este é um dever sacerdotal, e se quer seguir os passos dos antigos, deve fazer como eles!
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