Bem, alguns podem achar estranho..."é impressão ou dois dias foram colocados em um?!"... Pois meus caros, é isto mesmo... A postagem da Terra e Natureza e a postagem da Vida Consciente se fundiram, pois na minha visão, não dá para falar de uma, sem falar da outra! Como falar em natureza dentro do druidismo, sem colocar uma vivência consciente de seus atos no meio disso tudo?!Poderia inclusive acrescentar a postagem da Ética aqui, mas daí os 30 dias druídicos teriam se tornado um dia só!Aliás, não se preocupem... Haverá uma postagem especialmente desenvolvida para preencher o dia vago!
Natureza... algo sagrado não só para druidas, mas tembém para o paganismo em geral! É impossível para um verdadeiro pagão sequer pensar em destruição de uma floresta, de um eco-sistema que surgiu a centenas ou milhares de anos atrás, para a construção de um restaurante, de um shopping, de uma hidroelétrica... Já cheguei a comentar sobre isto em uma postagem na UWB e no meu outro blog, o Liberdade Pagã. É inexistente um pagão autêntico sem que este tenha ao menos um contato intrínseco com a Natureza. Assim também é com os druidas... dificilmente verá algum druida que não tenha ao menos uma vez, feito um ritual no "meio do mato", que não tenha tido um contato maior com a natureza para se energizar, purificar ou obter conhecimento. O druidismo depende da natureza para a sua sobrevivência, assim como a Natureza atualmente depende do ser humano para de manter viva!
E aí entra a questão de vida consciente... Se entendemos que a natureza é um organismo vivo e sagrado, como sobreviver sem lhe causar danos, tendo em vista que o simples fato de estarmos ali já gera um impacto ambiental?!Bem... Para ilustrar isto, citarei um diálogo que tive com minha filha ontem... Estávamos assistindo Dual Survivor na Discovery, quando eles se viram obrigados a caçar um animal para sobreviver...
Filha - "Por que eles estão maltratando o animalzinho?!Ele não fez nada para eles!"
Eu - "Porque eles precisam se alimentar!Estão no meio do deserto, e precisam comer, é uma questão de sobrevivência!"
Filha:"Mas é injusto, nem rezaram pela alma do animalzinho antes!"
Bem...o diálogo ainda continuou, mas esta frase me fez pensar... Quem conhece os participantes do programa, sabe que o Cody segue as técnicas antigas de sobrevivência, e que, no seu íntimo, ele deve sim ter pedido pela alma daquele animal... Mas não quis falar isto para minha filha, pois só este pensamento dela já era uma lição de como devemos nos portar em relação a Natureza... Para que "atrapalhar" com minhas explicações?! Mas com relação a vocês, caros leitores, posso me delongar um pouco... Vida consciente não é virar vegetariano, só porque defende uma causa ambiental... Se você estiver em uma situação que está perdido no mato (e para um druida, é um risco quase provável...nossos rituais são geralmente lá!), sem saber o que comer, provavelmente irá se alimentar de algum animal, pois isto é instinto de sobrevivência! Sigo muito o pensamento celta neste ponto... Se não for para comer, que seja em nenhuma situação, pois nada justificará! Cú Chulainn teve uma penalidade por comer carne de lontra, considerada "o cão do mar", pois ele era impedido de comer carne de cães... Se me proponho a ser vegetariano, terei de sê-lo em qualquer situação, inclusive se a minha vida estiver dependendo de me alimentar de uma simples larva de besouro (quem já viu ou fez treinamento de sobrevivência, sabe do que se trata), o que sinceramente, não estou nem um pouco disposto a fazer... Se defendo com o vegetarianismo, a não violência aos animais, jamais poderei bater em um mosquito que esteja se alimentando de meu sangue, mesmo que eu fique doente depois... Parece estranho o que digo, né?!Mas não é!
Como pagão e como druida, respeito a natureza vivente ao meu redor... Mas sei que o simples fato de eu existir já está gerando uma série de impactos ambientais, alguns positivos, outros negativos... querer minimizar meus impactos é algo necessário, mas não posso fazê-lo negando a minha própria natureza! Temos um instinto natural de sobrevivência, que me obriga a "matar inúmeros micro organismos" no simples ato da respiração! Como druida, ao plantar uma erva para fins medicinais, ou mágicas, devo cuidar para que ela sobreviva, e como irei fazê-lo, se uma cochonila insiste em querer acabar com as plantas?! É claro, não defendo com isto a matança indiscriminada de animais, como o Japão faz com as baleias, ou o uso de agrotóxicos e pesticidas químicos, como a agricultura o faz - aliás, se fosse para virar vegan, seria algo quase impossível para a realidade brasileira... Agricultura infestada de pesticidas que matam insetos e larvas em geral (até mesmo na orgânica ocorre isto, mas lá, o produto é natural), soja geneticamente modificada, que é utilizada desde ração animal (e aí, é incluso também a ração dos animais domésticos!), até ao óleo de soja usado para preparar nosso alimento... - o que coloco aqui, é que a cada "garfada" de seu prato, seja ele vegetariano puro, ou onívoro-carnívoro, há um impacto gerado, há animais mortos em ambos os casos... O que coloco é que a cada "colherada" estejamos conscientes de que tivemos sim uma parcela no impacto gerado, e que é nossa responsabilidade tentar amenizar este quadro!Mas como, se mesmo uma alimentação vegetariana também é causadora de impactos?!Bem, você não precisa virar vegan para se tornar consciente! O simples fato de reutilizar seu lixo, de consumir responsavelmente os recursos do planeta, de deixar de lado seu automóvel e ir para o trabalho a pé ou utilizando transporte coletivo - e cobrar das autoridades um transporte de qualidade, e não latas de sardinha humanas - , enfim...o simples fato de se harmonizar com o ambiente e saber conviver com ele, para que a cada impacto negativo seu, ao menos dois positivos sejam gerados, é mais do que suficiente!
A Natureza é sim sagrada, mas não é um ser que deva ser intocável... Mas ela não pode é ser destruída em virtude de um pseudo-desenvolvimento que a longo prazo causará danos irreversíveis inclusive a saúde humana. Ser consciente de seus atos não é virar "eco-chato-vegano" de uma hora para outra, e em um momento qualquer, ter de comer um animal para sobreviver, quebrando com a sua palavra para consigo mesmo (entraremos em maiores detalhes nisto quando falarmos sobre a Ética, mas adianto, mentir para si mesmo é também cometer ato de desonra!). Ser consciente é respeitar a natureza, saber tirar dela apenas aquilo que lhe seja necessário para sobrevivência, é não ser consumista, enfim...é ser uno com ela!Até a próxima, pessoal!
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